Carlos Eugénio Líbano Soares
Dos fadistas e galegos: os portugueses na capoeira
O fadista que é fadista
A jeito o ferro manobra
Metendo a mão aos arames
Dá facada como cobra1.
No dia 26 de Novembro de 1860 um jovem imigrante português atravessou o grande portão de ferro da Casa de Detenção da Corte, sobre o qual, naqueles tempos idos, se lia o dístico REGNANTE PETRO II2. Gregório da Rocha Moreira, 17 anos, sapateiro, natural do Porto, filho de Manoel da Rocha Moreira e de Ana Maria de Jesus, morador na Rua de São Diogo, fora
enviado para a Casa de Detenção pelo próprio chefe da polícia da Corte. Seu crime: capoeira.
O FADISTA
O primeiro estudioso a demonstrar a proximidade cultural entre os portugueses de classe baixa e os capoeiras cariocas da metade do século foi Marcos Bretas num seu artigo sobre a repressão de 1890. Numa rápidapassagem ele descreve esse fenómeno:
A forte presença portuguesa no meio da capoeiragem chama a atenção para a forte semelhança com a boémia popular de Lisboa do século xix: os fadistas. Um cronista português da viragem do século chega a afirmar que os capoeiras são os fadistas do Rio de Janeiro. Unidos na tradição de brigas e conflitos, fadistas e capoeiras compartilham a arena de predilecção, a navalha9.
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