viernes, 11 de septiembre de 2009

Conquista do sertão de Pernambuco


A reação dos colonos aos degredados pode ser medida pelo caso de Pernambuco, cujo donatário DuarteCoelho rejeita-os abertamente em um discurso bastante significativo da visão estamental doperíodo: considera os degredados gente improdutiva, fadada à vadiagem, e que “nenhum fruto nem bem fazem na terra, mas muito mal e dano e, por sua causa, se fazem cada dia males e temos perdido o crédito que até aqui tínhamos com os indígenas. (...) não são para nenhum trabalho, vem pobres e nus e não podem deixar de usar de suas manhas (...)”.137
QUADRO 13 – Ofícios Mecânicos Mencionados nos Autos Inquisitoriais de
Pernambuco, 1593-1595141:(ver cuadro en el documento)
Ofício Total de incidência profissional entre os depoentes
Homens Brasileiros (mazombos)
Homens Portugues es (reinóis)
Homens Cristãos Novos
Homens Pardos
Mulhere s
PRIMEIRA Visitação do Santo Ofício às Partes do Brasil; Denunciações e Confissões de Pernambuco
1593-1595. Recife: FUNDARPE. 1984. 142
142 Nos autos ainda são nomeados senhores de engenho, funcionários públicos, pessoas que vivem de soldada, escravos, moradores em casa de terceiros. Muitos dos pardos/pretos são também reinóis. Havendo também a incidência de brancos florentinos, alemães, espanhóis, flamengos e franceses. Dos 3 escravos vistos, todos sãomamelucos e 2 são mulheres. Surgindo também pretos forros, de São Tomé.

E essa escolha pela vadiagem não é feita apenas pelos libertos que querem, assim,distinguir-se dos escravos; também é feita pelos migrantes portugueses, oficiais mecânicos reinóis, lá sofrendo a discriminação barroca ao trabalho manual, que ao serem inseridos em um meio onde o trabalho está dominado pela escravidão, optam pela vadiagem.
Luís dos Santos Vilhena registra esse fenômeno em Salvador do fim do XVIII, onde homens vindos de Portugal para servir como criados no Brasil, aqui abandonam essa atividade ‘exclusiva de negros’, achando que teriam ‘por melhor sorte o ser vadio, o andar morrendo de fome, o vir parar em soldado e às vezes em ladrão’.228

..........Dentro dessa política de transformar o vadio em elemento produtivo para o Estado,podemos encontrar diversas práticas da administração metropolitana e colonial. É o caso,por exemplo, de uma consulta de 1635, onde o Conselho Ultramarino discute a petição de um capitão de infantaria da região do Lamego no Reino, em que este pede autorização para recrutar todos os vadios de sua jurisdição, enviando-os na armada que então estava de partida para combater a companhia holandesa de comércio em Pernambuco.
http://www1.capes.gov.br/teses/pt/2003_dout_ufpe_kalina_vanderlei_paiva_da_silva.pdf

5 comentarios:

  1. VICTORIA DO FAMOSO VICE-REI D. FRANCISCO D'ALMEIDA NA BARRA DE DIU. (•)
    NÃO soffria o generoso coração do vice-rei D. Francisco d'Almeida dilatar-se-lhe a vingança da morte de seu filho D. Lourenço, e para enfim a conseguir ajuntou com grande fervor uma armada de dezenove velas, de maior e menor porte, e com mil e duzentos homens de mar e guerra amanheceu no dia 3 de Fevereiro de 1509, sobre a barra de Diu. .............................Disputava-se a batalha com denodado furor: uns brigavam corpo a corpo a bote de lança e golpes d'espada ; outros ao longe com armas de arremesso. O zunido das bailas atroava os ouvidos, e ella despedaçavam o» corpos. Muitos arrojandose , ou sendo arrojados ao mar , luctavam ao mesmo tempo com as ondas e com a morte: o ar via-se convertido em fogo, e o mar em sangue.
    (•) Vid. sobre este heroe o artigo inserto a pag. 182 do presente vol.
    FUENTE: (pag 185-196) O panorama: jornal litterario e instructivo de Sociedade Propagadora dos Conhecimientos Uteis, Volúmenes 3-4, Sociedade Propagadora dos Conhecimientos Uteis (Lisbon, Portugal), Na Typ. da Sociedade, 1839

    ResponderEliminar
  2. Calabar: Historia brasileira do seculo XVII.
    José da Silva Mendes Leal (1818-1886.)
    Typ. do Correio mercantil, 1863

    (pág 134) Mestre Marçai, não podendo acreditar que os hollandezes tivessem feito tanto arruido para não entrarem, pasmou de se achar face í face com o mosqueteiro, e ainda mais de estar são e escorreito. Verdade seja que tinha escolhido um asylo sagrado.
    — Vamos, homem l tirai-vos dahi, que me estais deshonrando esses quartos!—disse o mosqueteiro, pregando tal safanão no aturdido mestre, que lhe fez dar uma serie de gyros, rematados em uma cabriola muito pouco gymnastica.

    ResponderEliminar
  3. Castrioto lusitano:
    ou, Historia da guerra entre o Brazil e a Hollanda, durante os annos de 1624 a 1654, terminada pela gloriosa restauração de Pernambuco e das capitanias confinantes (Google eBook)
    Raphael de Jesus
    J. P. Aillaud, 1844 - 605 páginas
    I. Ganhada pelo Hollandez a villa de Olinda e a povoação do Arrecife
    (pag 49-50)............... Mathias d'Albuquerque, que avisado das sentinellas via o informe da povoação, a imperfeição da fortaleza, e o poder com que o Hollandez o buscava, ordenou aos capitães João de Amorim, Luiz Barbalho, Martim Ferreira, Pedro Manoel Pavão, e outros, que com os soldados de suas companhias saíssem a ter encontro ao inimigo; o que fizerão com tanta destreza, prudencia e valor, que o Flamengo (que se achava formado em esquadrão no sitio chamado Agua Fria) se vio ao mesmo tempo investido e destroçado, não lhe deixando o furor mais remedio que o da fugida.—Seguirão os Portuguezes o alcance, porém como são mais ligeiras as azas do medo que as da ira, só Manoel Dias da Franca, montado em um ginete seu o foi seguindo, ferindo e matando, sem haver Flamengo que ousasse virar a cara para ver que era um só o que os picava; até" que o investio um tropel de muitos , a tempo que se rompeo a cilha, e com a sella caio do cavallo entre elles. Não desanimou o valoroso mancebo com este successo, antes cobrando novo esforço se desembaraçou dos inimigos com tanta gentileza, que nem recebeo ferida nem perdeo honra, ajudando-lhe nesta occasião a ganhar muita um mulato seu, que com uma espada e uma rodela obrou maravilhas.

    ResponderEliminar
  4. (pag 143-144) CAPÍTULO VIGÉSIMO TERCEIRO
    De como o governador Diogo de Mendonça foi preso dos holandeses, e o seu coronel d. João
    Vandort ficou governando a cidade Nem só andavam os holandeses insolentes por estes caminhos, mas muito mais os negros, que se meteram com eles, entre os quais houve um escravo de um serralheiro que prendeu seu
    senhor na roça de Pero Garcia, onde se havia acolhido, e depois de o esbofetear, dizendo-lhe que já não era seu senhor, senão seu escravo, não contente só com isto lhe cortou a cabeça, ajudado de outros negros, e de quatro holandeses, e a levou ao coronel, o qual lhe deu duas patacas, e o mandou logo enforcar, que quem fizera aquilo a seu senhor, também o faria a ele se pudesse. Melhor o fez outro negro, que nos servia na horta, chamado Bastião, o qual também se meteu com os holandeses, mas porque lhe quiseram tomar um facão, que levava na cinta, e o ameaçaram que o enforcariam, se saiu da cidade com outros dois ou três negros, os quais encontraram à fonte nova, que é logo a saída, seis holandeses, que lhe começaram a buscar as algibeiras, mas como o Bastião levava ainda o seu facão, temendo-se que se lho vissem o quereriam outra vez enforcar, o escondeu no peito de um, e matando-o lançou a correr pelo caminho, que vai para o rio Vermelho, onde encontrou uns criados de Antônio Cardoso de Barros, os quais informados do caso fingiram também que fugiam com o negro, e se foram todos embrenhar adiante, donde depois que os holandeses passaram lhes saíram nas costas, e os foram levando até um lameiro, e atoleiro, onde mataram quatro, e cativaram um, e será bem saber-se para glória dos valentes, que o era tanto um dos mortos homem já velho, que metido no atoleiro quase até a cinta ali aguardava as flechas tão destramente com a espada, que todas as desviava, e cortava no ar, o que visto por Bastião se meteu também no lodo, e lhe deu com um pau nos braços, atormentando-lhos de modo que não pôde mais manear a espada.
    FUENTE: HISTÓRIA DO BRASIL POR FREI VICENTE DO SALVADOR, LIVRO PRIMEIRO , EM QUE SE TRATA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL, COSTUMES DOS NATURAIS, AVES, PEIXES, ANIMAIS E DO MESMO BRASIL.
    Escrita na Bahia a 20 de dezembro de 1627., DEDICATÓRIA AO LICENCIADO MANUEL SEVERIM DE FARIA CHANTRE NA SANTA SÉ DE ÉVORA

    ResponderEliminar
  5. Muito mais importantes que essas incursões foram as invasões francesas de 1555-1567 na Baía de Guanabara (França Antártica) e1611-1615 no Maranhão (França Equinocial) e as holandesas de 1624- 1625 na Bahia e em 1630-1654 em Pernambuco, com ramificações pelo Nordeste.
    Esta última é considerada como o ponto inicial de formação da nacionalidade brasileira, pois, quase sem auxílio de Portugal, então sob domínio espanhol (até 1640), os habitantes da terra lutaram bravamente contra os invasores, militarmente mais fortes. Alguns acham que essa luta explica também em grande parte por que não
    há problema racial no Brasil: brancos, negros e índios foram obrigados a lutar em pé de igualdade, lado a lado, contra o inimigo comum.
    As guerras holandesas no Brasil são muito importantes para o estudo da guerra terrestre, porque nelas os brasileiros empregaram, na maior parte do conflito e em larga escala, o sistema de guerrilhas, muito antes, portanto, de Mao Tse-Tung, considerado por muitos como “o pai das guerrilhas”.
    FUENTE: FATOS DA HISTÓRIA NAVAL. Antonio Luiz Porto e Albuquerque & Léo Fonseca e Silva ( PAG 63-64)

    ResponderEliminar